Arnaldo Redondo Adães Bermudes, filho de Félix Redondo Adães e de Cesina Romana Bermudes, nasceu no Porto, a 1 de Outubro de 1864. Frequentou a Academia Portuense de Belas Artes e, em 1888, ficou em primeiro lugar no concurso, promovido pela Academia de Belas Artes de Lisboa, para obtenção de bolsa de estudos no estrangeiro. Já em França, para além de ter sido aluno de Escola de Belas Artes de Paris, estagiou no atelier de arquitectura de Paul Blondel. Na Cidade Luz expôs os seus trabalhos de arquitectura no Salon. O arquitecto evidenciou desde muito cedo o seu gosto pelas formas manuelinas.
Adães Bermudes transformou-se, pois, em profícuo e ecléctico arquitecto, cuja obra foi merecedora de inúmeros prémios, dos quais se salientam a 2ª medalha na Exposição do Grémio Artístico, em 1894, as medalhas de ouro e prata na Exposição Universal de Paris, em 1900, o prémio Valmor, em 1910, a 1ª medalha da Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1911, e as medalhas de honra e ouro na Exposição Internacional do Panamá-Pacífico, em 1915.
Edifício da Cadeia Comarcã
"Pelo Senhor presidente foi dito: Que a Villa de Cintra necessita de obras importantes, que constituem melhoramentos há muito reclamados, alguns dos quaes são exigidos não só pelo crescente desenvolvimento da villa, mas ainda por sentimentos de humanidade que não devem ser esquecidos.
Está n’estas condições a cadeia: acanhadíssima (...) não possue nenhuma das condições hygienicas modernamente exigidas, e o seu mal aggrava-se com a agglomeração de presos, deshumanamente encerrados em casas cuja capacidade não é sufficiente nem para metade do numero que ordinariamente ahi permanece. Collocada como está num dos pontos mais concorridos da villa, todos conhecem este mal, e todos reclamam a sua eliminação, substituindo-se a actual cadeia por um novo edificio em boas condições (...)".
Acta da Sessão de Camara de Sintra de 25 de Novembro de 25 de Novembro de 1903, Lv. Nº 19, Fólios 104-105
O local escolhido para a construção da Cadeia, foi o velho cemitério de São Sebastião, onde se procederam a trabalhos de terraplanagem, dificultados pela necessidade de se transladarem as campas e jazigos para o cemitério de São Marçal.
Edifício dos Paços do Concelho
"(…) As repartições publicas estão dispersas por varios edificios, com visível encomuodo para os que tem de as frequentar; e algumas sobrecarregam o cofre do município, com o pagamento das respectivas rendas, estando quase todas instaladas. Couvem, [nos] de todos a sua concentração n’ um so edificio, que se torna necessário construir, reunnnindo as condicções necessárias para tal fim" (…)
Acta da Sessão de Camara de Sintra de 25 de Novembro de 25 de Novembro de 1903, Lv. Nº 19, Fólios 104-105
Os modernos Paços do Concelho foram edificados entre a “vila velha” e a Estefânia, local onde até então se erguia a antiga ermida de São Sebastião de possível origem Manuelina, mas que apresentava já sinais de ruína, foi por deliberação camarária mandada derrubar para dar lugar à nova construção.